12/11/2019

No mês do Novembro Roxo, especialista alerta para relação da prematuridade com o autismo

Nas campanhas do Novembro Roxo, a população é convidada a refletir sobre prevenção, os cuidados e os riscos dos nascimentos prematuros. Celebrado em 17 de novembro, o Dia Mundial da Prematuridade traz para o debate uma situação que faz parte da realidade de muitas famílias no Brasil.

A especialista em Intervenção Precoce do Autismo e diretora da Incluir Treinamentos, Amanda Ribeiro, explica que os bebês prematuros estão mais propensos a ter atrasos em algumas áreas, como a neuropsicomotora, e que a prematuridade tem sido associada ao aumento do risco para o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), que se caracteriza por perdas quantitativas e qualitativas nas áreas de comunicação, interação social e comportamental.

A especialista em análise do comportamento e psicóloga da Incluir Treinamentos, Maria Luiza Jordão, afirma que há relação entre a prematuridade e o autismo. “Estudos indicam que a prematuridade e o baixo peso no nascimento são fatores de risco para o TEA porque a prematuridade pode interferir no processo de maturidade cerebral em pontos importantes do desenvolvimento da criança”, completa Maria Luiza.

Arthur, filho de Amanda Ribeiro, na incubadora logo após o nascimento prematuro

As especialistas elencam alguns fatores de risco para o TEA em bebês prematuros: complicações pré-natais e neonatais; hipotensão arterial materna; idade materna e paterna avançada; fertilização in vitro; complicações obstétricas durante o parto; hipóxia neonatal ou sofrimento fetal, caracterizado pela redução ou ausência de oxigênio que deve ser recebido pelo feto através da placenta e parto cesárea.

Para agilizar eventual diagnóstico de autismo, Amanda ressalta algumas orientações. “Muitas vezes o bebê se desenvolve normalmente, de acordo com a sua idade corrigida (a idade ajustada ao grau de prematuridade), porém aos poucos podem ser sentidas algumas dificuldades, como a demora para conseguir realizar algumas atividades comuns para a idade cronológica (a de nascimento) daquela criança, como rolar, sentar, ou aprender a engolir”, adverte. 

Amanda é mãe do Arthur, de 3 anos, que nasceu prematuro de 32 semanas e é autista. Com a experiência que vivenciou, ela revela que alguns atrasos leves devem acender um alerta aos pais: não falar, não empilhar objetos, não saber brincar, apontar ou atender comandos simples, não ter medo, não estranhar outras pessoas nem sentir a falta dos pais e não chorar ao cair ou tomar vacina são alguns exemplos.

Amanda e o filho Arthur

O que em um primeiro momento pode parecer atraso devido à prematuridade, pode ser característica do TEA. Os pais devem conversar muito com o médico pediatra. “Descobrir o quanto antes possibilita diminuir atrasos no desenvolvimento, por meio da intervenção precoce do transtorno, com terapias adequadas”, orienta Maria Luiza.


Legenda: Arthur, filho de Amanda Ribeiro, na incubadora logo após o nascimento prematuro
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Legenda: Amanda e o filho Arthur
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