22/12/2019

Teste final do projeto Segunda Força impressiona pela semelhança com a realidade

O 'Teste da Guerreira', realizado neste sábado (21), dia do último encontro do projeto Segunda Força, deixou as emoções à flor da pele. Até quem assistiu à prova de fora do tatame pôde entender um pouco da angústia que uma mulher sente ao ser agredida por um homem. Gritos, tapas, ofensas e ameaças foram algumas das violências simuladas pelos 1º e 2º Sargentos da Polícia Militar, Anderson Queiroz e Roberto Mariano, para que as participantes colocassem em prática os ensinamentos de autocontrole e autodefesa aprendidos durante o curso.

Os sargentos Roberto Mariano (esq.) e Anderson Queiroz (dir.) simulam situações reais de violência contra as mulheres

A estrutura física e as faixas pretas em artes marciais dos PMs intimidaram, mas não paralisaram as mulheres que entraram no tatame com uma única intenção: manter o equilíbrio emocional para aplicarem os golpes com precisão. No combate, todos os socos e chutes contundentes em regiões vitais foram permitidos. "Hoje, eu me superei. Eu me aprovo", disse a aluna Alessandra Santos Frota, depois de enfrentar os policiais na simulação, que durou quatro minutos - divididos em rounds de dois minutos cada.

A cada combate, as tenentes da PM e instrutoras do projeto, Ana Rejani e Camila Fernandes, auxiliavam as mulheres com palavras de incentivo. A ideia foi fazer com que as participantes se concentrassem apenas nos pensamentos positivos e não se deixassem levar pelas provocações dos supostos agressores. "Treinar os golpes de forma isolada é muito diferente do que aplicar em uma situação real. Por isso que, a todo momento, precisamos unir o corpo e a mente. Infelizmente, não vamos mudar as atitudes dos homens, mas podemos dar início à mudança no nosso interior", explicou Ana.

As tenentes e instrutoras Camila Fernandes (esq.) e Ana Rejani (dir.) auxiliam as alunas antes do teste final

O idealizador do projeto e especialista em Proteção de Gênero e Violência Doméstica contra a Mulher, Tenente PM Henrique Velozo, reforçou que mais importante que a prática no tatame é a parte psicológica. "Você só precisa de uma oportunidade para dar um golpe. Quando controlamos a nossa mente, até o condicionamento físico melhora; automaticamente, você conseguirá fugir de uma possível agressão. O ponto principal da autodefesa é perceber a hora certa de salvar a sua vida", ressaltou.

Tenente Henrique Velozo ensina técnica para derrubar agressores e alunas reproduzem

Depois do teste, as participantes voltaram à sala de aula para a dinâmica individual. Uma comparação entre o passado e futuro foi colocada no papel para que elas descobrissem as transformações que as atividades do projeto puderam proporcionar.

A tenente Camila Fernandes acredita que a missão principal do curso foi plantar a semente de que qualquer mulher tem condição de não ser submissa. "Estou feliz e surpreendida com o que eu vi. A evolução de todas vocês foi um presente para nós, instrutores", pontuou Camila, às mulheres.

Após o teste final, as participantes puderam falar sobre a sua evolução e fizeram uma dinâmica de autoavaliação

Ao final, as alunas foram presenteadas com brindes, flores e receberam o certificado de participação. O secretário-executivo da Defenda PM (Associação dos Oficiais Militares do Estado de São Paulo em Defesa da Polícia Militar), Coronel Ernesto Puglia Neto, fez a entrega com os instrutores. Em nome da entidade realizadora do projeto, o coronel agradeceu às participantes pela "ousadia de serem as pioneiras". E destacou: "Com o sucesso desta edição, certamente levaremos a proposta para todo o Brasil e faremos com que essa iniciativa chegue ao maior número possível de mulheres".

Coronel Ernesto Puglia Neto (esq.) agradece às participantes da primeira edição do projeto /  Alunas recebem certificado e brindes no encerramento da primeira edição

A data para a segunda edição do projeto ainda não está definida, mas o Tenente Velozo acredita que acontecerá em março, logo após o término da Operação Verão da Polícia Militar. As inscrições são limitadas e poderão ser feitas pelo Instagram do Segunda Força (@segunda_forca). A inscrição e a participação são gratuitas e qualquer mulher pode fazer.

Os vídeos do último encontro do Segunda Força estão disponíveis, na íntegra, neste link: http://bit.ly/2ZdGCUq 

Participantes da primeira edição do projeto Segunda Força


Legenda: 2º Sargento Roberto Mariano simula uma situação real de violência contra as mulheres
Créditos: Bruno Vinicius / AKM Comunicação
Legenda: 1º Sargento Anderson Queiroz simula uma situação real de violência contra as mulheres
Créditos: Bruno Vinicius / AKM Comunicação
Legenda: A tenente e instrutora Camila Fernandes auxilia uma das alunas antes do teste final
Créditos: Bruno Vinicius / AKM Comunicação
Legenda: A tenente e instrutora Ana Rejani auxilia uma das alunas antes do teste final
Créditos: Bruno Vinicius / AKM Comunicação
Legenda: Tenente Henrique Velozo ensina técnica para derrubar o agressor segurando as suas pernas
Créditos: Bruno Vinicius / AKM Comunicação
Legenda: Aluna do curso reproduz a técnica do "tackle" para derrubar os agressores
Créditos: Bruno Vinicius / AKM Comunicação
Legenda: Após o teste final, as alunas puderam falar sobre sua evolução durante o curso
Créditos: Bruno Vinicius / AKM Comunicação
Legenda: Mulheres realizam dinâmica de autoavaliação
Créditos: Bruno Vinicius / AKM Comunicação
Legenda: Coronel Ernesto Puglia Neto (esq.) agradece às participantes da primeira edição do projeto
Créditos: Bruno Vinicius / AKM Comunicação
Legenda: Participantes recebem certificado e brindes no encerramento da primeira edição
Créditos: Bruno Vinicius / AKM Comunicação
Legenda: Participantes da primeira edição do projeto Segunda Força
Créditos: Bruno Vinicius / AKM Comunicação